1. |
Leirão 1
03:16
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2. |
Jazigo
10:13
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Ó luz, tão distante outrora,
Dissolve a alma agora!
Ó morte, carrasco maligno,
Revoga o nome indigno!
Em prédios degradados,
Em túmulos decaídos,
Habitam lado a lado
Os vivos e os falecidos:
Uns procuram prazer
No circo das vaidades,
Outros estão a jazer
Salvos de calamidades.
Somos tanto vivos
Quanto falecidos –
Por fora repulsivos,
Por dentro corroídos.
O cruel destino
Paira sobre nós,
O castigo genuíno
Pela essência atroz.
Perpétuo jazigo...
O último abrigo
Dos restos do teu ser,
Do teu desvanecer.
Ó solo, sepulcro da vida,
Concede ao corpo guarida!
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3. |
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Ser imundo, infecundo,
Finalmente moribundo.
Mar de dores, rios de sofrimento –
Esse foi o testamento.
Finda uma vida,
Acaba o tormento,
Cura a ferida,
Resta o lamento.
Despedimo-nos agora
De um efémero ente.
Ontem era uma pessoa,
Mas hoje é um jacente.
Esperemos francamente
Que o passado não perdoe
Os seus feitos delinquentes,
Por mais que o tempo voe.
Inolvidável seja
A sua mancha na história,
A enorme cicatriz
Gravada na nossa memória!
Breu profundo, outro mundo,
O abismo do defunto.
Podres lembranças, triste passado –
Esse foi o seu legado.
Vida...
Tormento...
Ferida...
Lamento...
Ser imundo, infecundo,
Finalmente moribundo.
Breu profundo, outro mundo,
O abismo do defunto.
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4. |
Leirão 4
03:33
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5. |
Paz
10:54
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Ambiente quieto.
Silêncio completo.
Abstracto firmamento.
Sempiterno momento.
Paz abrangente,
Omnipresente.
Mera atonia,
Vera utopia,
Plena harmonia.
Ambiente quieto.
Silêncio completo.
Abstracto firmamento.
Sempiterno momento.
Entre sepulturas –
A serenidade.
Para perecidos –
A eternidade.
Sobre as carcaças –
Larvas esfaimadas
Limpam as desgraças,
Purgam as ossadas.
Vão perene e sombrio.
Queda livre no vazio.
Derradeira disforia.
Absoluta apatia.
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6. |
Destino
09:15
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Ó tu que me vês,
Repara como estou –
Já fui o que és,
Tu serás o que sou.
Pobre mortal,
Contempla estas campas!
A morada final
Que terás entre tantas.
Não sabes é como
Irás encarar o fado ruim,
Não sabes é quando
Irás encontrar o fúnebre fim.
Ó tu que me vês,
Repara como estou –
Já fui o que és,
Tu serás o que sou.
No labirinto da vida,
Todos os caminhos
Levam à mesma saída...
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7. |
Leirão 7
03:26
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8. |
Monumento
07:19
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Laje esculpida,
Novo aposento.
Alma esquecida
Neste grandioso monumento.
O reino desolador,
Soturno, nevoento.
Sob o véu de cimento,
O carma é ditador.
Vulto piedoso
Ao luar cinzento
Busca o repouso
Neste ominoso monumento.
O retiro indolor
Dos falsos sentimentos,
Dos fúteis pensamentos
Sem valor.
Imponente, alvacento,
Ergue-se o monumento,
Monumento das ossadas
Que jamais serão lembradas.
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9. |
Saudade
10:23
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Ardem sem compaixão
As chamas do velório.
Descansa no caixão
Um corpo transitório.
A vasta multidão
Afoga-se no carpido
Enquanto num leirão
Enterram o fenecido.
Assim, as flores descoram,
As lágrimas evaporam,
A vitalidade desiste,
Mas o desespero persiste.
Fardo obcecante
De mendacidade –
Eterna saudade...
Luto incessante
Em frivolidade –
Infinda saudade...
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Carma Portugal
Death, the dead and the dying. Funeral Doom, Black Metal and Dark Ambient.
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